sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quarto dia em Paris: 4a parte – Última do Louvre

Acervo
Nós ficamos 4 horas dentro do Louvre. Quatro horas parece muito tempo, mas não dá pra ver nem 10% do acervo. Se você ficar 10 segundos na frente de todas as 35.000 peças de arte do museu, você precisará de 97 horas para ver tudo! Isso sem contar os 10 minutos de empurra-empurra para chegar perto da Mona Lisa. Você precisará de bastante energia para percorrer mais de 7km de galerias (pelas minhas contas) ou 60.000 m² . Se você tentar absorver toda essa arte, provavelmente ficará sabendo o que é Síndrome de Stendhal.
Portanto, estabeleça suas prioridades: comece, por exemplo, pela galeria de pinturas italianas, na Ala Denon. No final dos 270 metros de comprimento dessa galeria, você chegará a uma grandiosa sala, que é o abrigo da pequena Mona Lisa.

Mona Lisa
Pequena em suas dimensões (77x53cm), mas gigantesca em sua fama, a Mona Lisa atrai uma multidão de ávidos turistas loucos pra chegar perto dela, tirar uma foto e dizer depois: "Eu vi a Mona Lisa!"...
Eu vi!
Seis milhões de pessoas por ano fitam aqueles olhos indecifráveis. Experimente ficar pelo menos 5 minutos na frente dela e você começará a entender o porque de tanta fama. Ela é sim extraordinária, pois ali parecer existir uma alma, estampada em sfumato na tela. É justamente o sfumato, a técnica de pintura desenvolvida por Leonardo da Vinci, que é responsável pelo ar misterioso da expressão da Mona Lisa. Sem definir uma linha ou limite nítido nos cantos dos olhos e da boca, Leonardo deixou para nós decidirmos se ela está sorrindo ou ironizando, se está triste ou feliz, se está no céu ou no inferno.


Como o acervo está divididoSão 8 departamentos divididos em 3 alas, dispostas em 4 pavimentos.

Departamentos:
Antiguidades do Oriente Médio;
Antiguidades Egípcias;
Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas;
Arte Islâmica;
Escultura;
Arte Decorativa (ou Aplicada);
Pinturas (século XIII a 1848 – pense em qualquer pintor europeu e haverá alguma obra dele lá);
Impressões e Desenhos;

Alas: Richelieu, Sully e Denon, correspondendo às asas do edifício.

Pavimentos:Subsolo: O Louvre medieval – as muralhas do castelo que eu mencionei antes;
Térreo: esculturas e antiguidades;
Primeiro piso: pintura italiana, na ala Denon;
Segundo piso: pintura francesa e flamenga, na ala Richelieu;
Como eu falei antes: se você começar a visita olhando minuciosamente artefatos, fragmentos e quinquilharias da antiguidade, você certamente chegará já meio cansado na parte das pinturas. Então comece por lá.

A divisão dos pavimentos acima está bem básica, portanto vale a pena fazer o download da brochura oficial do museu.

Neste link você encontrará as informações práticas. Se você está com preguiça de clicar: entrada 9 Euros para exposição permanente / museu aberto das 9:00 às 18:00hs.
Antes de fechar esse longo post, duas curiosidades:

Palais de Tuileries – essa ala de 266 metros 'fechava' o Louvre em seu lado oeste, próximo ao Jardin de Tuileries. Foi incendiada durante a Comuna de Paris em 1871, e demolida alguns anos depois. (o tracejado no desenho).
Existe um projeto para reconstruí-la e assim aumentar a área de exposições do Louvre. Felizmente, antes do incêndio, todos os móveis e objetos de arte foram retirados do edifício.

Segunda Guerra Mundial
Em 1939, grande parte do acervo do Louvre foi removida do museu, e levado para diversas localidades espalhadas pela França, incluindo o castelo de Chambord, no Vale do Loire. Ficaram apenas no museu as peças pesadas demais para serem transportadas. Imagine a complexidade dessa operação?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quarto dia em Paris: 3a parte – Mais Louvre


O acesso principal do Louvre (site oficial) se dá pela pirâmide vidro projetada por I.M.Pei em 1989. Apesar da controvérsia quanto à concepção deste projeto, eu acho a pirâmide a solução perfeita para o local. Imagine a responsabilidade deste arquiteto? Fazer um novo acesso para o Louvre, no meio de um dos edifícios mais importantes da história da França? Na verdade, a pirâmide é apenas o coroamento externo de um vasto projeto de renovação chamado Grand Louvre, iniciado em 1981. Apartir desta data foram feitas escavações arqueológicas no Cour Napoleon, onde fica a pirâmide de vidro, e no Cour Carrée, onde foi encontrada parte da fortaleza do rei Felipe Augusto.


Muralhas sob o museu

O imenso edifício que vemos hoje é resultado de sucessivas construções e ampliações feitas por reis e imperadores franceses. O rei Felipe Augusto construiu, apartir de 1190 as muralhas de defesa da cidade, e em seu lado oeste, junto ao rio Sena, ergueu uma fortificação – parte dessa fortaleza pode ser vista hoje, graças às escavações dos anos 1980. Eu fiquei alucinado quando descobri que, 'em baixo do museu, os caras acharam um castelo'! Foi essa a minha impressão naquele momento, e talvez eu tenha dito exatamente isso para minha esposa. Incrível...Que cuidado extraordinário com o patrimônio histórico os franceses tem. Eles escavaram um imenso buraco em volta da base das muralhas, a 7 metros de profundidade, sob uma laje de concreto que suporta o pátio de Cour Carrée. Tudo isso estava enterrado havia 500 anos.
Apartir do século XIV, o Louvre perdeu sua função defensiva e passou a ser transformado gradativamente em palácio real, até atingir suas vastas dimensões atuais. Para ser ter uma idéia do tamanho do prédio ele mede cerca de 660 metros em seu eixo longitudinal, e 260 metros separam as duas alas no lado que se abre para Tuileries.
Neste link, você pode se aprofundar na história do Louvre.


Na foto acima, o Cour Carrée. As muralhas remanescentes do castelo foram encontradas no canto deste pátio (na foto, do lado sombreado).